E a vida continua, companheiro

Fiquei um tempo sem escrever aqui. Estava sentindo falta. Nas últimas semanas, fiz algumas viagens e isso consumiu algum tempo, impedindo que eu pudesse ter uma frequência maior no blog. Mas enfim, neste período alguns fatos interessantes aconteceram e logicamente as corridas e treinos foram intensos visando os próximos objetivos.

Em uma dessas viagens, antes do vôo, me deparei com um "figura" cabeludo e barbudo. O sujeito esperava, assim como eu, a hora de ser chamado para o embarque. Percebi que já havia visto aquele rosto em algum lugar e a lembrança me veio instantaneamente. Era o Rodolfo Lucena, colunista da Folha de São Paulo, ultramaratonista, e autor de Maratonando, Desafios e Descobertas nos Cinco Continentes (Record) e de +Corrida (Publifolha). Ele também mantém o blog +Corrida (http://rodolfolucena.blogfolha.uol.com.br) e escreve excelentes textos para a Revista O2.

Logo pensei, vou ter que bater um papo com ele. Enfim, já li tantos textos dele e vou aproveitar a oportunidade para elogiá-lo. Só não tinha certeza se era ele mesmo, então fui cauteloso:

- Olá, com licença. Você é o Lucena da Folha?
- Sim, sou eu mesmo.
- É um prazer conhecê-lo. Meu nome é Luiz e sou corredor. Leio os seus textos no blog e na Revista O2. Gostaria de parabenizá-lo pelo último texto que falava sobre o Micah True  (ultramaratonista conhecido como Caballo Blanco, falecido recentemente).
- Obrigado. Escrevi aquele texto há algumas semanas, mas somente foi publicado nesta edição.
- Pois é. Li o livro Nascido para Correr sobre os índios tarahumaras e foi triste saber que ele havia falecido.

Conversamos mais um pouco, mas logo o pessoal da companhia aérea começou o embarque. Achei bem legal o encontro e fomos juntos para os nossos assentos. Com o vôo cheio não é que o assento dele era exatamente ao lado do meu, somente com o corredor nos separando. Ele deve ter pensado: "Putz, tô cansado e vou ter que aguentar esse pentelho". Eu eu pensei: "Que maneiro. Esse cara já correu em tantos lugares. Já passou por tantas experiências nas corridas. Não sei se vou ser chato, mas vou puxar assunto".

E assim foi o vôo inteiro. Fomos conversando sobre as corridas. Falei sobre a Corrida do Deserto do Atacama. Ele falou sobre as cinco grandes maratonas (as majors, meu objetivo). Foi muito bacana aquele bate papo de uma hora. Disse que na próxima passagem dele em Brasília, poderíamos fazer uma trilha juntos.

E assim nos despedimos. Bem legal!

Outro fato ocorrido neste período ausente do blog foi o 9º Desafio Rústico, uma espécie de triatlo (com canoagem no lugar do ciclismo) que rolou pouco antes do EcoMotion, no feriado do Dia do Trabalhador em comemoração os 10 anos da Canuí - Centro de Canoagem. Algumas equipes do Ecomotion estavam presentes e levaram o desafio como um treino. Maria participou da categoria solo (com caiaque de plástico). Eu estava preocupado pois ela iria entrar no Lago Paranoá pela primeira vez para nadar e sei que é bem diferente do que nadar em piscina. Na largada ela foi em disparada para a água no pelotão intermediário com a sua touca de zebrinha. Logo vi que algo não ia bem, pois ela começou a ficar para trás e a nadar outros estilos incomuns no triatlo: costas, peito, cachorrinho.

Quando eu estava prestes a cair na água para ajudá-la ela retomou o crawl e conseguiu chegar em último da natação. Depois ela me disse que foi puxada pela perna por outra concorrente, engoliu água e ficou com medo. Por que as pessoas fazem isso? No entanto, sem se abalar tanto, como um tiro ela pegou o caiaque e começou a remar. Vi que ela estava forte e passou muita gente no percurso de 3 km. Ao sair do lago para iniciar a corrida ela era a sexta atleta. Passados 5 km e 20 e poucos minutos quem eu vejo entrando no Clube Naval em primeiro lugar no feminino solo: Maria! Nem sendo puxada pela perna ela dá sossego pra essa mulherada. Parabéns meu amor!

E eu que só fui assistir, acabei sendo convidado para fazer um revezamento. Eu havia feito 16 tiros no treino com a Equipe Lo-rã duas horas antes. Chegando lá com camiseta de corrida dois atletas (um da natação e outro do caique) me abordaram.

- Olá, você é corredor?
- Sim. Por que?
- Nós queremos competir mas estamos sem corredor. Você não quer competir?
- Olha, eu fiz um treino forte há pouco. Se não houver nenhuma preocupação com tempo ou colocação eu posso fazer os 5 km sem forçar muito.
- Ok, vamos lá então.
- Vou pegar o dinheiro no carro. Quanto é?
- 60 reais. 20 para cada.
- Ihhhh. Estou sem nenhum centavo.
- Vamos lá. A gente divide aqui e depois acertamos.
- Está bom, mas eu nem conheço vocês.
- Esquenta não. Vamos.

Quando o Rodrigo Savini (nosso nadador) saiu da água entre os cinco primeiros de uns 50 atletas que estava na água, já comecei a sentir a pressão de ter que correr forte. Mas o pior estava por vir. O Fernando Japiassu (o canoista) foi campeão de canoagem e me entregou em terceiro lugar. Pensei: "Putz, vou ter que correr pra valer. Maldita hora que fui aceitar o convite". Saí para correr feito um louco mas cansado do treino que havia feito. Abri mato com o peito e somente ao final um competidor me ultrapassou. Terminanos em quarto com 01:02:15. Foi uma pena não termos pego o pódio, mas fica a lição: "o ser humano é competitivo por natureza".

No próximo capítulo, falo sobre a sensacional Volta do Lago 2012.

2 comentários

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27 de junho de 2012 às 13:05 exclui

Que legal! Quanto história hein?!
Manda parabéns pro Lorão! Mandou bem hein?!
Parabéns para vc tb pela prova!
Beijocas nos dois
Luli

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13 de março de 2013 às 21:52 exclui

Muita história mesmo. Tanto que vendo agora esse post, achei que ele foi grande demais. Hehehehe... Desculpe não ter respondido antes. Beijos.

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