Relato da Maratona de Chicago

Estou um pouco atrasado, mas segue o relato da minha primeira major: a Maratona de Chicago.

A manhã do dia 7 de outubro estava fria em Chicago, por volta de 5º C. Já havia feito alguns treinos e uma corrida de 10 km sob uma temperatura tão baixa e isso não me preocupava tanto. Sabia que no fim das contas demoraria um pouco mais para aquecer, mas estava com roupas adequadas que me protegeriam do frio. O vento era o que mais me preocupava visto que a cidade possui o apelido de windy city (Cidade dos Ventos), mas felizmente os ventos sopraram para bem longe de Chicago naquela manhã.

Estava muito feliz por estrear na minha primeira major. Major é como são chamadas as grandes maratonas de Boston, Londres, Berlim, Chicago e Nova Iorque. E agora também Tóquio (falarei mais sobre isso no futuro).

Eu e Maria chegamos nos nossos pontos de largada e então conseguimos ter a dimensão do evento. Estima-se que o evento tenha gerado 219,7 milhões de dólares para a cidade. Foram 45.000 pessoas inscritas representando mais de 100 países. Apesar desta quantidade de pessoas, o local da largada é bem amplo e não tivemos dificuldade para encontrar o nosso curral.

Para facilitar a largada a organização divide os corredores em grupos, denominados currais. Graças ao tempo de maratonas e meia-maratonas anteriores, eu e Maria ficamos nos currais C e D, respectivamente. Com essa dinâmica largamos ao lado de outros corredores com o mesmo ritmo de corrida que o nosso. Isto facilita e minimiza os riscos de acidentes. Algumas corridas no Brasil utilizam esse mecanismo, mas o controle não é tão rígido e alguns corredores também não respeitam.

Confesso que não ouvi o tiro de largada. Simplesmente as pessoas na minha frente começaram a caminhar e eu fui no embalo. Estava começando a tão esperada Maratona de Chicago. Fui aumentando o ritmo gradualmente seguindo as pessoas a minha frente e passei pelo pórtico com quase 5 minutos após o início da corrida. A essa altura os atletas da elite já haviam corrido quase 2 km. Notei uma cena interessante. Com o frio, muitas pessoas foram agasalhadas. No entanto, com a empolgação da largada, muitas pessoas descartavam seus agasalhos, simplesmente jogando para cima. Foi bem curioso.

A corrida passou por lugares muito bonitos da cidade, que é conhecida como a capital arquitetônica dos Estados Unidos e berço dos primeiros arranha-céus. Ao todo, a prova passa por 29 bairros da cidade. Ou seja, um verdadeiro city tour. Me chamou a atenção a participação do público durante todo o percurso. Em alguns pontos haviam atrações de música e dança. Quase parei em um parque onde uma banda tocava Beatles.

Fui curtindo a corrida ao máximo. O visual da cidade é um diferencial da prova. As ruas são muito limpas e isso chama muita atenção. Até o km 30 meu pace era de 5min08s por km, porém daí em diante comecei a me sentir cansado. Aos poucos fui piorando e meu ritmo despencou. Completei a prova em 3h48min16s, meu melhor desempenho em maratonas até hoje. Apesar disso, tenho certeza que posso fazer melhor. Terei que aprender a administrar mais o ritmo no começo e com isso encaixar um bom fim de prova. Maria fez 3h50min35s, o melhor tempo dela também. Ela administrou melhor o ritmo durante a prova e foi mais constante. No entanto, nos últimos 7 km ela também teve dificuldades. Precisamos ajustar isso com o nosso técnico Lo-rã, do qual agradecemos por mais essa conquista.

Mais uma vez, não conseguimos conter as lágrimas ao final. Foi uma conquista muito especial ter feito a nossa primeira maratona na América do Norte. Adoramos Chicago e esperamos voltar um dia.

Por fim, agradeço a companhia das nossas amigas Graça e Rai, que fizeram tempos invejáveis de 3h30min49s e 3h33min48s, ficando em 21ª e 6ª nas respectivas categorias. Parabéns! Vocês foram sensacionais e adoraríamos fazer outras viagens juntos com vocês.