No ultimo domingo (8), fiz a segunda maratona da minha vida na belíssima orla da cidade do Rio de Janeiro. A prova escolhida foi a Maratona Caixa da Cidade do Rio de Janeiro que iniciou na Praça do Pontal do Tim Maia, no Recreio dos Bandeirantes e terminou no Aterro do Flamengo, passando pelas praias e pontos turísticos mais visitados do Brasil. O cenário perfeito para a minha estréia no asfalto, haja visto que no Atacama, a maratona foi quase toda em estrada de chão, trilha e areia.
Eu, Maria e Ricardo tomamos um bom café da manhã com pão integral, queijo e frutas. Encontraríamos na largada o nosso amigo Pedro, companheiro de corridas. Pegamos o táxi na porta do hotel em Copacabana às 5:30 e saímos seguros de que estaríamos no Recreio com bastante antecedência do horário da largada (7:30). Pouco tempo depois, percebemos que a nossa margem não era tão grande. O trânsito estava bastante congestionado e em um determinado momento pensei que não iríamos chegar a tempo. Enfim, às 7:20, 10 minutos antes da largada, chegamos na Praça do Pontal. Ainda conseguimos tirar uma foto e fazer um xixi meio improvisado antes da largada. Ufa, que alívio.
Debaixo de chuva, pontualmente às 7:30, foi dada a largada. 30 segundos antes havia apertado um pouco o cadarço do tênis do pé esquerdo. Aliás, estava estreando o novo cadarço Xtenex. Isso me custaria caro mais a frente. Minha estratégia foi dividir a prova em trechos de 5 km. De modo que a cada 5 km pudesse verificar o pace. Tudo estava bem. Maria saiu na frente, Ricardo e Pedro ficaram logo atrás de mim. Comecei a 5:50/km e a cada 5 km fui diminuindo o pace.
Do Recreio dos Bandeirantes à Barra da Tijuca fui desviando das poças de lama e dos "olhos de gato" da pista. Apesar da chuva, fui curtindo o visual belíssimo do lugar. Neste momento estava sozinho. Sabia apenas que Maria estava na frente. Preocupado com a hidratação, fui tomando água e isotônico em todos os postos que funcionaram muito bem durante toda a prova (parabéns a organização). Passei na meia maratona, na altura da Praia do Pepê na Barra com certa tranquilidade, abaixo de 2h. Confesso que achei até um pouco estranho ter passado tão bem. O ritmo de 5:24/km até aquele momento facilitava as coisas e o vento amigo também. Em certos momentos sentia que estava sendo literalmente empurrado pelo vento. Acredito que isso tenha facilitado bastante para todo mundo, inclusive para os vencedores que quebraram o recorde da prova, tanto no masculino, quanto no feminino.
No masculino, venceu o queniano Willy Kimutai, da equipe Luasa Sports, marcando 2:15.01. No feminino, venceu a também queniana Thabita Kibet, que completou os 42km em 2:34.41. Enquanto isso, eu lá atrás continuava diminuindo o pace progressivamente, conforme o planejado.
Um dos momentos mais bonitos foi quando passei pelo Túnel do Joá que interliga São Conrado aos bairros da Gávea. Passamos pela pista de baixo e o visual é deslumbrante. Mesmo com chuva, foi bem emocionante passar ali correndo.
O vento continuava ajudando. A hidratação da prova também. Passei pelo Leblon bem e no final da Praia de Ipanema, altura do km 35, a um pace de 5:15/km, porém comecei a sentir um desconforto no pé esquerdo. Lembra do aperto do novo cadarço. Pois é. Isso começou a minar a minha resistência física. As dores no pé aumentaram e consequentemente o meu pace caiu.
Estava ansioso por chegar em Copacabana, mas quando cheguei não via a hora de passar bem rápido. O Ricardo havia me ultrapassado e eu havia ultrapassado Maria. Ela parecia estar sofrendo também. Do km 37 em diante, meu inferno começou e eu sabia que não seria tão fácil completar a minha segunda maratona. A minha panturrilha começou a queimar. E até a camiseta (cavada) que eu resolvi um dia antes estrear também me atrapalhava. Parecia que ela me queimava abaixo das axilas. E realmente ao final percebi que haviam marcas avermelhadas na minha pele. Lição que eu já sabia, mas tive que confirmar na pele: "nunca estreie algo que não esteja acostumado numa corrida, muito menos numa maratona".
Resumindo, faltando 2 km para terminar a maratona, eu ainda lutava com o meu corpo para não desistir. Eu sabia que completaria a prova abaixo das 4 hs previstas se mantivesse o ritmo que naquele momento ultrapassava os 6 min/km, mas achava que não precisava sofrer tanto. Maria deu um sensacional sprint final e concluiu 40 segundos antes de mim. Eu passei no pórtico de chegada após 3:58:55s e 42.195 metros com um monte de sensações: cansaço, esgotamento físico, fome, sede, frio, lágrimas, superação, felicidade, alegria, gritos, satisfação, sentimento de dever cumprido, exatamente nesta ordem.
"Correr uma maratona não é para qualquer um. Exige treino, dedicação, esforço, persistência e capacidade de superação. Ao final, vale cada metro percorrido e não consigo parar de pensar na próxima". Luiz Cândido.
4 comentários
Escreva comentáriosParabéns para o casal! Hahahaha morri de rir com o "aguentar"até parece vcs são mto divertidos! Que tenham muitas próximas!
Respondabeijos
Luli
Muito bom, Luiz! Eu, por enquanto, não quero nem pensar em "próxima" maratona... rsrsrs
RespondaDe qualquer forma, foi realmente muito legal!
Mais legal ainda é compartilhar estes momentos com amigos!
Abraço!
Hehehehehe. Valeu Luli. Parabéns para você também. Que tempo foi aquele. E pensar que no sábado rolou uma praia maneira. Beijos. Até as próximas.
RespondaFoi realmente muito bom. Pena foi não ter conseguido curtir a pós-prova. O vento e o frio atrapalhou bastante. Se quiser ir pensando na próxima veja o calendário neste site http://aimsworldrunning.org/Calendar.htm. Quer uma dica? Vamos para "Windy City" em outubro. Uhuuuuuuu!
RespondaEmoticonEmoticon