Azar na Golden Four

A Golden Four é um circuito de meias maratonas organizadas pela Asics desde 2011. As provas acontecem em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. Segundo a Asics, as provas foram desenvolvidas para proporcionar aos corredores brasileiros a mesma sensação de correr uma prova de padrão internacional, desde a retirada do kit à entrega das medalhas. Na minha opinião é uma das melhores infraestruturas de corrida entre as provas que já participei. Em Brasília, uma grande área do Centro de Convenções Ulisses Guimarães é dedicada ao evento de entrega dos kits, com almoço, entrevistas com atletas de elite patrocinados pela marca, loja para compras de materiais esportivos etc. Após a corrida, os 100 melhores têm seu esforço recompensado com uma medalha diferenciada e especial, que é o sonho de muitos, inclusive o meu. Mas eu tenho muito chão para correr ainda.


Em Brasília, o percurso divide opiniões. Eu, particularmente, gosto do fato dos corredores passarem por diversos pontos turísticos da capital. Há quem ache que a prova tem muitas descidas, podendo causar lesões. Eu, particularmente, não tenho nada contra as descidas. Acho que é questão de preparação e saber dosar o ritmo.

Aliás, este foi o meu erro na primeira edição em 2011: não saber dosar o ritmo. Naquele ano, a corrida começou na Praça do Cruzeiro. Foi dali que Brasília começou. A cruz marca um dos pontos mais altos da capital, localizado a 1.172 metros de altitude, escolhido como o início do Eixo Monumental, que corta o Plano Piloto no sentido leste-oeste. (O pôr-do-sol visto da Praça do Cruzeiro é deslumbrante, com cores lindas do céu de Brasília). Com 13 km de descida logo no início, eu não me contive e fiz os primeiros 10 km em 45 min, o que eu ainda não fiz numa corrida de 10 km pra valer. Resultado: lá pelo km 15 numa subida relativamente fácil eu senti muito e me arrastei até o km 18. Do km 18 ao 21, apesar de ter sido na descida, eu simplesmente engatei uma banguela e terminei na raça.

Não "quebrei", mas passei perto. Aliás, "quebrar" no jargão das corridas é o mesmo que não conseguir completar uma corrida ou não conseguir manter um ritmo conforme o planejado. Acontece com os grandes atletas e todos estão sujeitos. Um dia as coisas saem errado, seja por lesão, má alimentação, falta de preparo, condição do tempo, roupa inadequada etc.

No ano passado, a corrida começou um pouco abaixo da Praça no Cruzeiro, na altura do Palácio do Buriti, sede do governo do Distrito Federal. (Buriti, é a planta símbolo da cidade de Brasília). A organização da prova também fez uma importante alteração no percurso, acrescentando um longo trecho de 11 km (ida e volta) no Eixão Sul, mais da metade da prova. Sabia que seria crucial passar bem por ali. Comecei bem a prova, mantendo um bom ritmo. A ida até o final do Eixão foi boa, com grande parte em descida, porém na volta, após ter tomado um isotônico no km 12, comecei a sentir uma pontada na região do tórax. Além de ser uma dor chata, ela também é conhecida por um nome politicamente incorreto. Tentei prosseguir, diminui o ritmo, forcei um pouco a respiração, bati no lugar que doía, mas nada. As pessoas deviam achar que eu estava ficando doido. Enfim, quebrei... bonito.

Pior que caminhar, foi perceber que ainda faltava uns 9 km para concluir a prova. Resolvi intercalar corrida e caminhada. Tirei a camiseta e curti o fim da prova. Maria me deixou pra trás e não a vi mais. Fui acompanhando um senhor de uns quase 70 anos. Quando ele caminhava eu também caminhava. Quando eu voltava a correr ele também. E assim fomos juntos até o fim da prova. Rindo!



Que eu tenha a saúde, a alegria e a disposição do meu companheiro da Golden Four. Que venha a edição de 2013!