Atentados em Boston

Eu não estava assistindo a Maratona de Boston pela TV, no último dia 15, pois a tradicional prova ocorre sempre na terceira segunda-feira do mês de abril, quando é comemorado o Dia do Patriota no estado de Massachussets. No exato momento em que a prova ocorria, eu estava trabalhando, invejando os participantes que estavam correndo aquela que é o sonho de todos os maratonistas.

No meio da tarde recebi um SMS do meu cunhado me informando sobre as explosões na linha de chegada na maratona de Boston. Antes que eu o respondesse, minha tia, sempre preocupada (obrigado por se preocupar sempre comigo) me ligou perguntando se eu estava em Boston. Respondi: "- Bem que eu gostaria, minha tia, mas estou no trabalho". Então ela continuou: "- Acho que você não gostaria, meu filho, pois houveram explosões de bombas durante a maratona. Está um terror.". Sabe quando você ouve, mas o cérebro nega instintivamente o que você acabou de ouvir. Eu a pedi que repetisse o que havia dito. Ela disse: - "Isso mesmo. Veja na internet. Que bom que você não está lá. Graças a Deus!". Agradeci a preocupação e desliguei o telefone informando que estava tudo bem comigo, a Maria e que iria olhar as notícias.


Fui diretamente para a minha mesa e acessei pelo computador alguns sites de jornais e notícias. Todos eles estampavam na primeira página a notícia sobre a explosão de duas bombas na linha de chegada da maratona. Comecei a pensar sobre aquilo, mas não conseguia imaginar porque alguém seria capaz de fazer aquilo com pessoas que estavam ali para correr, acompanhar a corrida, esperar um familiar ou amigo, incentivar os atletas, torcer por alguém em especial, curtir o feriado de um modo diferente ou simplesmente se divertir.


Várias informações desencontradas foram surgindo quanto ao horário, a quantidade de bombas, a quantidade de mortos e feridos, natural após um incidente tão inesperado. A primeira sensação que tive foi de tristeza pela situação toda. Imaginei que eu e Maria poderíamos estar ali correndo no meio de tudo aquilo. Comecei a pensar sobre as pessoas que morreram, nas que perderam familiares, nos feridos, nos brasileiros que participavam. Tentei lembrar se algum conhecido estava lá. Quanto mais eu pensava, mais infeliz eu me sentia. Enfim, foi um dia muito triste. Basta ver as fotos que circulam na internet para se ter uma noção do que houve.

Não dá para entender o que faz uma pessoa sair da sua casa para explodir duas bombas em um evento esportivo com milhares de pessoas presentes. Espero que tenha sido um ato isolado de violência, terror, covardia em maratonas, mas o que tenho visto todo dia é que o mundo está ficando cada vez pior. Coisas deste tipo, sem explicação, sem motivo, estão acontecendo com mais frequência. Basta ouvir o rádio, ler o jornal, assistir o noticiário na TV.

Continuo sonhando em realizar esta maratona, mas fico com a impressão de que a linha de chegada em Boston nunca mais será a mesma depois disso.