A dor é inevitável


Ao longo do tempo, se praticada de maneira regular e cadenciada, a corrida proporciona diversos benefícios:
  • evolui a capacidade cardiovascular o que aumenta o fôlego e previne doenças;
  • fortalece a estrutura muscular e esquelética o que deixa o corpo mais forte (especialmente as pernas) e faz perder peso;
  • melhora o equilíbrio, a coordenação, a flexibilidade e as funções cognitivas;
  • aumenta a autoestima e a disposição para o dia a dia;
  • diminui o stress;
  • amplia o círculo de amizades; etc.

A corrida não exige uma mega aparelhagem. No geral, basta um par de tênis, short e camiseta. Para as mulheres, geralmente as vejo usando top e prendedor de cabelo também. Já vi algumas corredoras mais vaidosas, com maquiagem e tudo. Desconfio que não contribua para o rendimento durante a prova, mas vale tudo pra parecer mais bonita, inclusive na corrida, por que não?

Além disso, também não é necessário um local específico. Qualquer parque ou rua pode ser utilizado para o treinamento e durante as viagens ou férias os treinos não precisam ser abandonados.

Em resumo, a corrida não requer muito e ajuda muito na preservação da qualidade de vida, ou seja, o custo/benefício é alto se comparado a outros esportes.

No entanto, esquecendo um pouco esses benefícios e facilidades é fato que a corrida é um esporte de alto impacto. E este impacto do corpo ao chão durante a corrida, segundo estudos, pode ser de até três vezes o peso do próprio corpo. A cada passo durante a corrida nosso corpo tenta compensar este impacto contraindo diversos músculos por todo o corpo, mas especialmente dos membros inferiores.

Obviamente, uma pessoa como eu, que nunca correu antes, não tem a musculatura fortalecida, está mais propensa a se lesionar caso simplesmente compre um tênis e saia correndo por aí. É aí que o título desse post faz sentido. Abaixo vou contar as lesões que já tive, apenas duas, felizmente.

1. Tendinite no músculo tibial anterior

Em janeiro de 2011, após uns seis meses de treinos, já vinha correndo 10 km com mais facilidade (sem ter a sensação que iria morrer durante a prova) e resolvi correr a Meia das Pontes em Brasília no fim do mês de fevereiro. O percurso de 21 km desta prova é interessante pois sai do Pontão do Lago Sul, um dos points da cidade e atravessa as pontes Costa e Silva e JK, dois cartões postais de Brasília, que interligam a Asa Sul ao Lago Sul. Deve ter alguma urucubaca nesta prova pois nunca consegui fazê-la.

Enfim, durante os treinos como eu nunca havia ultrapassado a barreira dos 10 km, resolvi que deveria intensificar os treinos por conta própria. Não sei exatamente quando, mas aos poucos, a medida que aumentava a distância nos treinamentos, comecei a sentir uma dor no lado de fora da tíbia direita, na canela mesmo. Não falei pra ninguém, nem pra Maria, simplesmente continuei treinando. Quanto mais treinava, mais a dor se intensificava. Comecei a usar gelo. A dor voltava sempre após o treino. Resisti ao máximo até que no início de fevereiro durante um treino no Parque da Cidade, quando completava apenas o terceiro km a dor veio pra valer, insuportável, ao ponto de me fazer interromper a corrida e voltar andando ao estacionamento. Fomos direto para uma emergência.

No hospital, fui muito bem atendido pelo médico ortopedista de plantão, Dr. Edgar. Recebi uma receita de um anti-inflamatório poderoso, Meloxicam, e a prescrição de um exame mais detalhado, a ressonância magnética. Os exames indicaram tendinites no músculo tibial anterior nas duas pernas, porém em somente uma delas a dor havia se manifestado. O Dr. Edgar me explicou que este tipo de lesão pode estar relacionado a diversos fatores: fraqueza no músculo tibial anterior, aumento abrupto da intensidade do treinamento, falta de alongamento, tênis pouco flexível, corrida em superfícies muito duras etc. O resultado foi interromper totalmente as corridas por um mês para tratar o problema com remédios e fisioterapia. Não existe nada pior para um corredor do que receber uma notícia de que ele não pode correr. Não poderia correr a minha primeira meia. Foi frustrante, decepcionante, mas ao mesmo tempo eu sabia que havia demorado muito para procurar tratamento, portanto a culpa era minha. Passei um mês seguindo as orientações do Dr. Edgar e em março voltei aos treinos.

2. Síndrome do Trato Iliotibial

Em meados de junho de 2011 comecei a treinar mais forte para a minha primeira meia maratona, visto que não pude estrear na Meia das Pontes, por conta da lesão. A Meia do Rio em agosto foi a escolhida. Esta prova tem um visual maravilhoso do Rio de Janeiro, saindo da Praia de São Conrado passando pelas principais praias da orla da Zona Sul do Rio (Leblon, Ipanema e Copacabana) finalizando no Aterro do Flamengo, tendo o Pão de Açúcar como paisagem de fundo. Recomendo. Em julho, cerca de um mês antes da prova, comecei a sentir um incômodo na lateral externa do joelho esquerdo. Era uma dor que aparecia somente durante a corrida. Quando parava e me alongava a dor desaparecia. Após algumas passadas a dor voltava. Na época pensei: "Desta vez não vou esperar tanto para buscar tratamento".

Recomendado por um amigo, resolvi me consultar com o fisioterapeuta, Dr. Wesley Albuquerque, para identificar a causa do problema. Ele constatou a Síndrome do Trato Iliotibial, lesão inflamatória observada em esportistas, principalmente quando o mecanismo do esporte envolve flexões repetidas dos joelhos. Provoca dor do lado de fora do joelho, que pode ser extremamente desconfortável e afastar os atletas de suas atividades. Segundo o Dr. Wesley a causa poderia estar relacionada ao encurtamento da banda iliotibial e fraqueza do músculo glúteo médio. Neste caso, o tratamento foi realizar alongamentos específicos e fortalecimento muscular. Além disso, abandonei uma meia de contenção que vinha usando (por conta própria) e que apertava o local onde a dor vinha se manifestando.

Depois dessas duas lesões aprendi e recomendo para quem está começando a correr, que a primeira coisa a fazer é buscar profissionais experientes para assegurar que a saúde está em dia, entender melhor o movimento, descobrir o tipo da pisada e os tênis mais adequados, preparar uma alimentação balanceada, orientar os treinos e repassar dicas importantes.

Sendo assim, recomendo:

Dra. Cilene de Paula Galvão Costa
Cardiologista
Procor - SMHN Quadra 2, Bloco C, 9º Andar, Ed. Dr. Crispim, Asa Norte
(61) 3340-8585

Dr. Edgar
Ortopedista
Hospital Home - SGAS 613, Conjunto C, Asa Sul
(61) 3878-2878

Dr. Wesley Albuquerque
Fisioterapeuta
Top Sports - SCES Trecho 2, Conjunto 19 (Porto Vitória), Asa Sul
(61) 3224-6163

Dra. Maria Matos Correia
Nutricionista e educadora física
Nuwa Spa - SCES Trecho 2, Conjunto 36, Ed. Ícone Parque (ao lado do Cota Mil), Asa Sul
(61) 3225-2000

Laurent Migaire (Lo-rã)
Educador físico
Equipe Lo-Rã
(61) 9963-7934

8 comentários

Escreva comentários
Clarice
Autor
23 de março de 2012 às 10:04 exclui

Será que inevitável é a dor, ou nosso entusiasmo em levar o corpo a um nível além?

Responda
avatar
Vinicius
Autor
23 de março de 2012 às 16:00 exclui

Luiz,

Quem corre há algum tempo com certeza já deve ter tido alguma dor atrelada à corrida. Isso faz com que nomes como canelite, banda iliotibial, fascite plantar, tendinite do tendão de aquiles serem nomes conhecidos dos corredores de rua.

Já tive vários problemas. O que eu aprendi é simples e gostaria de deixar registrado a todos:

1) alongar-se bastante após os treinos, inclusive planta do pé;
2) musculação com o foco em resistência e nao em hipertrofia;
3) fazer exercícios para a tibial anterior e panturrilha (ver videos do you tube)
4) respeite o descanso do seu corpo; e
5) respeite os seus limites.

Um grande abraco,

Vinicius

Responda
avatar
23 de março de 2012 às 20:55 exclui

Clarice, você tem razão. Acho que as duas coisas.

Responda
avatar
23 de março de 2012 às 21:11 exclui

Vinicius,

São boas dicas.
Obrigado por compartilhar.

Abração,
Luiz.

Responda
avatar
Rai
Autor
24 de março de 2012 às 14:49 exclui

Sou Raimunda Almeida, corredora de rua também, e fiquei lesionada sem poder correr por 4 meses (tempo demais) para quem vive e respira corrida. Mas fiz o tempo necessário para cicatrização da minha fratura. Na ânsia de querer adquirir massa muscular para ter mais força nas corridas terminei fraturando por estresse o colo do fêmur e isso ocorreu na barra com peso e agachamento e o nosso quadril (mulheres)é mais sensível devido as gestações, (no meu caso), a idade e mais outros fatores que nos manda ter mais atenção e cuidado nos exageros. A lesão sumiu e estou de volta (trotando aos poucos) mais cautelosa, beijos, Rai.

Responda
avatar
11 de abril de 2012 às 10:31 exclui

Rai, fico contente que a lesão tenha desaparecido. Bom retorno aos treinos e obrigado por comentar sobre a sua lesão. É um alerta para as mulheres que às vezes pegam pesado demais no agachamento ou leg press. Percebo alguns incômodos no início dos treinos, quando começo a aquecer. Me sinto um pouco pesado. Estou bem cauteloso nesta etapa do treino. Vou bem devagar nos primeiros 20 minutos até me sentir mais inteiro. Não sei se acontece com você. Beijos, Luiz.

Responda
avatar