Relato da Maratona de Tóquio (parte 1)

Em 2012, eu e Maria começamos a nos interessar pelas mais conhecidas maratonas que formam o circuito World Marathon Majors. Corremos em Chicago e quando soubemos que a Maratona de Tóquio se juntaria ao circuito, vimos uma oportunidade de completar mais uma "major". Sabíamos que a maratona seria fria, plana, bem organizada e com muita participação do público. Além disso, aproveitaríamos os dias após a maratona para conhecer a metrópole, que é considerada um dos maiores centros financeiros do mundo e que preserva tradições milenares, ou seja, um mix de modernidade e história. Um lugar que por si só já valia a pena conhecer.


Como nós somos atletas amadores, obviamente que a escolha de viajar para o outro lado do mundo correr não foi uma decisão simples e envolveu muito planejamento. Inicialmente cogitamos outras maratonas, mas Tóquio era uma novidade em todos os aspectos. O maior empecilho foi conseguir a inscrição que é muito concorrida. Neste ano, dos 300 mil inscritos, 36 mil conseguiram garantir a vaga por um esquema de sorteio, ou seja, uma vaga para cada 8 inscritos. Para resolver este ponto, contamos com a operadora oficial da prova no Brasil, a Kamel Turismo, que nos apoiou com a inscrição e hospedagem. Que aliás, valeu cada centavo. Obrigado Elaine, Bet (você é demais!) e toda equipe Kamel.

Quanto à prova, sabe quando um time de futebol entra em campo com aquela certeza de que já ganhou e quando a bola rola o resultado é outro? No mundo futebolístico, o nome dado a este excesso de segurança é "salto alto". Lembram da Copa de 98? Então, eu fui para a Maratona de Tóquio de "salto alto". Como em 2012, havia feito 3 maratonas, estava seguro de que não teria muitas dificuldades. Ledo engano.

Com a temperatura beirando os 0°C e o fuso horário de 12 horas, em relação ao horário de Brasília, foi assim que iniciamos a prova às 9:10 do dia 24 (horário de Tóquio) ou 21:10 do dia 23 (horário do Brasil).


A largada da prova foi tranquila. Os corredores foram divididos em currais (A, B, C, D etc) de acordo com o tempo estimado para a conclusão da prova. Esta divisão por ritmo ou "pace" facilitou o início da prova. Assim como em Chicago, em Tóquio, os fiscais também fizeram um controle rígido em relação ao curral designado para cada atleta.

Já nas primeiras passadas percebi que algo estava diferente, estranho. Não conseguia sentir os dedos dos pés. Acho que não conseguia sentir o pé todo na verdade. Eu nunca andei de perna de pau, mas a minha sensação era essa. Provavelmente, devido ao frio intenso e a falta de aquecimento, o meu pé começou a congelar ou algo parecido.

Aos poucos aquela sensação ruim foi passando e no km 5 já sentia os meus pés novamente. Na hora pensei: "Ufa! Ele esquentou.". A partir daí comecei a aproveitar a prova, observar os pontos turísticos e as atrações musicais. Observei vários pontos turísticos durante a prova: a Prefeitura de Tóquio, o Palácio Imperial, a Torre de Tóquio, as elegantes lojas do bairro de Ginza, a Estação de Tóquio, entre outros. É uma pena ter que passar tão rápido.

A educação e os costumes se refletem na forma como o povo japonês torce. Eles participam, incentivam, torcem, mas com menos barulho. Várias atrações com música foram distribuídas durante a prova e nestes pontos a empolgação era maior, porém o que mais me chamou a atenção foi a quantidade de pessoas oferecendo refrigerantes, energéticos, doces e comidas aos atletas.

Os postos de abastecimentos eram de fácil identificação, bem sinalizados e de fácil acesso. No geral, a confusão era gerada pelos próprios corredores, pois alguns preferiam passar pelos postos caminhando enquanto outros queriam seguir correndo. Existiam postos médicos e de abastecimento (água, isotônico e BCAA líquido). Não sei a distância entre os pontos, mas certamente era inferior a 5 km. A organização foi impecável. Se houve algum problema, não notei.

Tudo estava bem, mas não conseguia imprimir um ritmo bom o bastante para bater meu recorde pessoal obtido em Chicago, 3h48min16s. No meio da prova, soube que seria difícil melhorar meu tempo e que o desafio seria completar a maratona. Continuei em um ritmo razoável, constante, observando tudo que a maratona oferecia.

Leia a segunda parte do relato aqui.

2 comentários

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13 de março de 2013 às 21:45 exclui

Publiquei a parte 2 no outro dia. Estava dormindo e não consegui terminar. Abraços.

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