Trilha do Alto Delírio

Em posts anteriores eu disse que a trilha que usamos para os treinos longos nos finais de semana merecia um capítulo a parte. É claro que fizemos treinos em outros lugares, tão bonitos quanto, mas este é o lugar onde eu e Maria gostamos mais. Bem, segue aí um resumo.

Localizada a 42 km de Brasília, considerando a distância entre a Rodoviária do Plano Piloto e a Pedreira Contagem (marco 0), a Trilha do Alto Delírio é uma excelente opção para quem deseja treinar para um desafio como este que enfrentamos lá no Atacama. Contudo, no deserto, a areia é um elemento extra que dificulta e muito a corrida. E isto você não encontrará na trilha. Em compensação, as subidas...

Gosto de lá porque tenho a sensação de que estou a 1.000 km da civilização, o visual é deslumbrante e também porque esta trilha é considerada uma das mais difíceis do DF se não for a mais difícil. É comum encontrar o pessoal da bike andando por lá.



Ao todo a trilha possui 36,5 km e se inicia na Pedreira Contagem. Eu considero como marco 0 o portão que dá acesso à Pedreira seguindo depois no sentido horário. Os primeiros 4,5 km são de asfalto, saindo do caminho do portão da Pedreira, virando a direita e percorrendo a DF-205 até uma estrada de terra que vai chegar na ponte do Rio Sonhém, um dos afluentes do Rio Maranhão. A ponte é de madeira e fica a exatos 9 km do início da trilha. É o trecho mais baixo do percurso com 736 metros (segundo o Google Earth). Já fizemos treinos de duas horas começando da ponte. Acreditem, é casca grossa mesmo assim.

A partir desta ponte, há uma subida (SUBIDA) enorme de 1,7 km que te eleva de 736 a 913 metros de altitude. É tão íngreme que dá vontade de voltar pra trás e ir embora. A gente mal corre. Tenta, mas é quase uma escalada. Todo vez que chegamos neste ponto fico pensando naqueles alpinistas que precisam fazer o último ataque ao pico. Só que no nosso caso, ainda faltam mais 26 km. E outros ataques ainda nos esperam. A trilha segue por uma estrada de terra e no km 12 pega uma estrada menor (fácil de errar). Na nossa primeira vez passamos reto e tivemos que percorrer 3,5 km a mais do que o planejado.


A trilha continua levando ao céu. Próximo ao km 17 a trilha vira um single track. O percurso fica muito bonito, sem um sinal de casa, prédio, sujeira, poluição. O ápice da subida ocorre no km 21 (engraçado ser na distância da meia maratona) quando atingimos 1.146 metros. Ou seja, do km 9 (736 m) até o km 21 (1.146) foram 410 metros subindo. Os próximos 4 km, você desce quase tudo que subiu mergulhando até 793 metros. Daí em diante, a trilha intercala subidas e descidas, restando apenas uma grande subida de 1,5 km entre os km 32,5 e 34. Então, se ainda sobrar algum gás, é só descer e soltar a perna.

Por ser tão afastada, a trilha exige cuidados especialmente com hidratação, sol, animais, ciclistas e motoqueiros. Para hidratação e sol levamos conosco sempre aquelas mochilas tipo "camelbak" com água o suficiente para o período que iremos correr e protetor solar com fator de proteção alto. Aí depende de pessoa para pessoa. Em relação aos animais, creio que seja mais seguro ir com um grupo maior, levar um kit básico de primeiro socorros e avisar as pessoas mais próximas. Aliás, o meu celular que é da Vivo funcionou em vários momentos durante o percurso. Acho que devido a altura. Quanto aos ciclistas e motoqueiros, bem, pelo menos as motos dá para ouvir o barulho do motor. O jeito é ficar ligado o tempo todo, pois em algumas curvas realmente não dá pra saber se tem algum ciclista vindo. Eu gosto de ficar no canto como prevenção.

Enfim, a trilha é difícil, muito bonita. A recompensa é pegar uma Brigadeiro Luís Antônio, tão temida na São Silvestre e subir sorrindo. Ou seja, vale o esforço.

Vou postar em seguida o arquivo para visualização no Google Earth.

3 comentários

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Miguel Reis
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22 de abril de 2013 às 08:02 exclui

Bom dia! Já corri algumas vezes na terra, mas em lugares bem mais fáceis que o delírio (tipo taboquinha, jardim botânico, hehehh... beeeem mais). Pelo delírio faz muito tempo que não passo, mas sempre ia de mountain bike. Deu saudade de pedalar por lá, mas pode deixar que tomarei cuidado com quem vem a pé. Abraços!

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23 de abril de 2013 às 22:43 exclui

Olá Miguel. Realmente correr no Alto Delírio é algo bem radical. Tivemos que treinar lá porque no Atacama sabíamos que não seria fácil. E realmente não foi. Eu estou começando no pedal. Quem sabe um dia não faço o delírio de mountain bike. Hehehe. Abraços.

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Unknown
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16 de outubro de 2015 às 10:32 exclui

Tem onças por lá galera, cuidado para não der na doida e ir sózinho!

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