O alemão me deixou na mão. OK, vou a pé.

Eu tenho um Audi A3. Ele é um modelo antigo, fabricado em 2005. É daqueles com turbo que você sente bem forte a aceleração. Pois é, ele estragou, rsss. Antes de comprá-lo uma das vantagens que o vendedor fez questão de mencionar é que carro alemão é muito durável, se bem mantido, é pra vida toda. Entretanto, constatei que se estragar dá uma dor de cabeça, especialmente quando comecei a receber os orçamentos. Foi turbina, bomba de óleo, pescador, umas três correias, uns cinco tubos, umas seis juntas. Deu vontade de juntar tudo e jogar fora.

Felizmente, há males que vem para o bem.

Há tempos vinha ensaiando abandonar um pouco o carro. Andar um pouco a pé. No entanto, com o carro na garagem, paradinho, aquela preguiça do começo do dia, o cansaço natural do fim do dia, sempre olhava a chave do carro e 10 segundos depois apagava aquele pensamento da mente imaginando coisas do tipo: você está louco? ir a pé do trabalho pra casa? você vai chegar todo suado? Instantes depois estava sentado no banco de couro confortavelmente dirigindo os 3 km que separam o meu trabalho da minha casa.

Hoje, afinal, me libertei. Sem o carro, que está na oficina, resolvi voltar para casa correndo no fim do dia. (Aliás, depois deste horário de verão, você está percebendo que os dias estão demorando muito a passar ou sou apenas eu que estou estranhando?). O primeiro pensamento foi como sair do prédio sem chamar muita atenção. Uso um Asics Saromaracer e ele não é nada discreto. O tamanho do short tampouco. Quanto a isto, há uma facilidade onde trabalho. Na garagem há um vestiário onde pude trocar a roupa. Tirei a roupa social e coloquei minha indumentária de corrida. Com uma mochila nas costas o próximo passo foi sair da garagem como se fosse um carro. É claro que eu não iria sair pela recepção do prédio. Seria meio constrangedor encontrar o meu chefe ou o chefe do meu chefe no elevador. E essas coisas sempre acontecem. Quando você não quer ver o chefe, você o encontra no elevador. Ao sair do prédio, os porteiros me estranharam, mas foram educados e me desejaram boa noite. Saí em disparada sem olhar pra trás.

Os 3 km foram muito agradáveis. Cheguei a suar um pouco o que me fez sentir muito bem. Como é bom suar a camisa! Durante a corrida tive tempo para pensar em como somos dependentes de carro, especialmente em Brasília. As pistas não favorecem os pedestres, faltam calçadas em muitos lugares, a ciclovia leva a lugar algum e o transporte público é de péssima qualidade. Resta apenas pegar o carro para ir a padaria, ao mercado, ao trabalho, ao restaurante, a todo lugar.

Eu gostei da experiência de hoje, forçada é verdade pelo fato do alemão ter me deixado na mão (refiro-me ao meu Audi é claro, rssss). Contudo, mesmo depois de consertá-lo, pretendo manter o hábito de voltar pra casa a pé algumas vezes na semana. Além de estar me exercitando, percebi que o stress do trabalho ficou pelo meio do caminho da empresa para casa. A Maria deve ter gostado.

Enfim, amigos do trabalho, não se assustem quando me verem saindo do banco de tênis e mochila nas costas. Eu não fiquei doido, ainda.

"Nada que um dia de corrida não cure".

6 comentários

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Kadu
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29 de fevereiro de 2012 às 00:29 exclui

Parabens Luiz, fazendo isso estara incentivando outros que podem fazer o mesmo, ou usar uma bike.

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Carol
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29 de fevereiro de 2012 às 08:01 exclui

Que vergonha eu estou sentindo agora... moro tão pertinho...

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29 de fevereiro de 2012 às 13:38 exclui

1 - Concordo. Correr depois do trabalho é uma das melhores formas de aliviar o estresse de um dia!!

2 - Troque este alemão por um Japonês... rssrsrsrsrs

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12 de maio de 2012 às 01:28 exclui

Valeu Kadu! É uma pena que meu cunhado pegou a bike. Mas vou continuar voltando a pé quando der.

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12 de maio de 2012 às 01:31 exclui

1 - Por isso vou continuar mantendo este hábito.

2 - Estou avaliando seriamente a possibilidade. rssss

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