Da Maratoma à Maratona

Quem me conhece pessoalmente sabe: eu bebia direitinho.

Sabe aqueles bêbados chatos que depois do décimo chopp acha que ainda aguenta mais dez? Pois é, eu era assim. E não satisfeito, ainda tomava umas tequilas aqui, outras ali. Tenho que reconhecer. Para me derrubar na bebida, tinha que ser forte. E pior, eu tinha absoluta consciência dos malefícios que o uso prolongado do álcool poderia me acarretar: cirrose hepática, risco de coma alcóolico, pancreatite alcoólica, perda de memória, impotência sexual e por aí vai. Mesmo assim, eu insistia naquela vida, demonstrando ao meu corpo que quem mandava no pedaço era eu e eu não estava nem um pouco a fim de parar.

Tenho amigos que ainda gostam bastante de beber (exageradamente) e não os culpo por isto. Talvez eu tenha sido má influência no fato deles beberem por tê-los chamado tantas vezes para tomar umas. Eu que devo desculpas.

Para você ter uma noção da gravidade que o negócio tomou, por três anos seguidos proporcionei aos meus amigos uma tarde muito "agradável" no meu aniversário. Copiando uma idéia de um amigo do meu amigo Wallace, que deve ter copiado de outrem, resolvi que no dia do meu aniversário faria algo inusitado. Eu alugaria uma van para levar amigos devidamente uniformizados de bar em bar de mesa em mesa, onde cada participante tinha o simples propósito de tomar uma cerveja de 600 ml. O percurso passava por bares tradicionais e alguns menos convencionais de Brasília. Os menos convencionais são aqueles vulgarmente chamados de "copo sujo" que possuem uma infraestrutura mais simples sem adereços e maiores ornamentações ("ruizim" mesmo), mas que prezam por uma boa cerveja gelada, que era o que mais interessava.


Apelidei este evento anual de Maratoma, pois realmente seria uma "maratona etílica", onde os participantes ao final estariam esgotados pelo efeito do álcool. O Faustão depois passou a usar este nome em uma de suas atrações sem me consultar. Pena que não registrei antes. O primeiro evento contou com um grupo menor, cerca de 15 pessoas, do qual nos autodenominamos de "guerreiros". O segundo chamou-se Maratoma 2 - A Missão, em alusão a um dos filmes da série Rambo. E o terceiro, Maratoma 3 - Revolutions, em homenagem ao Matrix. Nas últimas duas edições, foi preciso alugar um ônibus, pois de fato o meu grupo de amigos bebedores era bem extenso e uma van não comportava mais a demanda.


É claro que isto tudo aconteceu antes da corrida. A última "Maratoma" ocorreu sete meses antes dos meus primeiros trotes no Parque da Cidade. Em meados de setembro de 2010 resolvi que deveria parar de beber, o que no meio futebolístico chama-se de pendurar as chuteiras. O fato é que a minha corrida passou a ser mais importante. Eu me sentia verdadeiramente bem quando corria e o álcool definitivamente não combinava com isso. Não estou dizendo que você deve parar de beber, colocar um tênis e sair correndo. Como disse antes, tudo se trata de relatar fatos, compartilhar experiências. Se você quer beber, beba e seja feliz do mesmo jeito.

O engraçado é da lembrança da "maratoma" ter vindo à minha mente justamente agora, quando eu estou tão perto de realizar a minha primeira maratona de verdade. Quem em sã consciência imaginaria que eu, logo eu, em tão pouco tempo, estaria prestes a realizar esta loucura. A verdade é que estou com receio, como nunca tive ao beber, mesmo sabendo que a bebida ao longo prazo me seria muito mais prejudicial.

Talvez seja o receio do desconhecido que será percorrer os 42.195 metros da maratona em um local tão inóspito. Aliás, nunca percorri esta distância antes. Talvez este medo do perigo iminente seja um dos motivos para que eu tenha começado a escrever. Vai saber.

O que me deixa mais tranquilo é que eu e Maria treinamos bem nesses últimos três meses. Deixamos de fazer algumas provas e treinamos forte na Trilha do Delírio. Aliás, eu não sei se agradeço ou xingo quem nos apresentou esta trilha. Vai ser difícil assim lá na China. Esta trilha merece um outro capítulo a parte (Trilha do Alto Delírio).

Enfim, "vamo que vamo".

"Se beber não dirija. Se correr não ande". Luiz Cândido

3 comentários

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Sérgio
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26 de janeiro de 2012 às 11:09 exclui

Vamos tomar uma pra comemorar a estréia do blog??? kkkkkkk
Saudade da Maratoma!!!! Eu sabia que não bebia a tôa, a culpa sempre foi toda SUA!!!!! KKKKKK

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26 de janeiro de 2012 às 13:19 exclui

KKKKKKKKKKKKKK... Afinal de contas pra que servem os amigos, se não é para serem sacaneados, né? Muito bom. Vamos tomar umas sim. Colocarei a minha água de coco para gelar antes. Torçam por mim e a Maria lá no deserto.

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28 de janeiro de 2012 às 01:01 exclui

Tô orgulhoso por ter corrido contigo, Monstro! Arrebentem no Atacama. Estou com vocês!!!
Abraço e parabéns pela troca. Tenho certeza que a Maratona será ainda mais divertida que a Maratoma... rsrsrs

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