Maratona da Antártica (parte 3)

Finalmente, no dia 16 conhecemos os demais atletas. Todos ainda meio tímidos receberam seus números de peito e instruções sobre a viagem. No dia 17, tivemos outra reunião, desta vez com a empresa de logística. Recebemos muitas informações, especialmente para mantermos o local o mais primitivo possível. Ao meio dia despachamos nossa bagagem para um possível embarque no dia 18 pela manhã, conforme o previsto. No entanto, as condições meteorológicas não estavam favoráveis. Tivemos que esperar.

Foto: Antarctic Ice Marathon

Foto: Antarctic Ice Marathon

Após dois cancelamentos, no dia 19, com um dia de atraso, embarcamos em um avião russo IL-76 (Ilyushin) rumo ao continente gelado.

Foto: Antarctic Ice Marathon

Foto: Antarctic Ice Marathon

Com muitos anos de atividade, aquele avião fez um dos vôos mais tranquilos da minha vida. Certamente, foi o pouso mais demorado também. Assim que tocou o solo congelado foram longos 60 segundos até a aeronave parar. Enfim, todos puderam voltar a respirar aliviados.

Engraçado dizer, mas ao sair do avião minha primeira impressão não foi de frio, possivelmente a adrenalina estava a mil na corrente sanguínea. Não conseguia acreditar que estava na Antártica. Maria começou a dançar ao meu lado. Parecia um sonho. Montanhas belíssimas ao redor. Aquele ar puro. O chão completamente congelado. Era um gelo duro e escorregadio. Como aquele avião gigante consegue parar naquele solo? Eu mal conseguia ficar em pé.

Foto: Antarctic Ice Marathon

Após tirar inúmeras fotos e gravar alguns vídeos, a empolgação inicial foi passando. Então, pela primeira vez senti o frio glacial no rosto. Só aí me dei conta que estava muito longe de casa.

Fizemos o traslado até o acampamento em uma camionete adaptada. Chegando lá, fomos muito bem recebidos pela diretora do acampamento. Ela nos deu as boas vindas e instruções gerais sobre o acampamento.

Tivemos um tempo para conhecer nossas tendas, pegar nossas bagagens e sacos de dormir. Um pouco mais tarde tivemos uma reunião sobre a condição climática. Desta vez tudo certo. Prova confirmada para o dia 20/11 às 10h da manhã. Deixamos tudo pronto e fomos descansar. Encolhidos no saco de dormir, com o sol brilhando 24 horas por dia e temperatura dentro da tenda beirando os -10°C, a noite não foi tão ruim. Acordamos algumas vezes, mas nos mantemos aquecidos. Estávamos prontos para encarar os 42.195 metros.