Maratona da Antártica (parte 1)

Começo este relato informando que um post apenas não seria suficiente para contar esta aventura. Resolvi dividir o texto em algumas partes assim como imagino que são divididas as corridas de rua: no antes, durante e no depois. Assim, também fico com a impressão de que a leitura não será tão longa e cansativa.

Desde 2012, eu e Maria corremos maratonas ao redor do mundo. Parece inacreditável para muitos, mas somos apenas mais 2 no meio de milhares de maratonistas. Muita gente tem aderido a essa prática e conciliando duas paixões: corridas e viagens. Nosso sonho era completar maratonas em todos os continentes. Quando criança na escola, havia aprendido que eram 5, mas no contexto de corridas de ruas, são considerados 7 continentes. Começamos na América do Sul (Chile e Brasil) e em seguida fomos para a América do Norte (EUA), Ásia (Japão), Europa (Alemanha), África (Marrocos) e Oceania (Nova Zelândia). Para alcançar nosso objetivo ainda faltava a maratona na Antártica, conhecida por muitos como a última maratona, "the last marathon". Apesar de todas as incertezas em relação aos recursos materiais e a questão física, tínhamos de sobra a vontade de realizar nosso sonho. Foi difícil, não posso negar, mas posso garantir que qualquer um pode se aventurar em condições tão extremas. Eu aprendi que fazer boas escolhas é fundamental para realizar esta prova, mas acima de tudo é preciso ter vontade.

Voltando um pouco no tempo, conhecemos em 2012, durante a maratona no Deserto do Atacama nosso amigo Tadeu Guglielmo. Ele nos contou ter feito uma prova na Antártica e também foi o primeiro a nos falar da medalha Seven Continents Finisher que poucos brasileiros detinham. Ele era um deles. O Tadeu nos mostrou fotos e ali, em um pequeno restaurante em San Pedro de Atacama, decidimos que iríamos seguir os passos do nosso novo amigo, realizar maratonas ao redor do mundo, incluindo o continente gelado. Pouco tempo depois, uma prova na Antártica foi apresentada no quadro Planeta Extremo do Fantástico da Rede Globo, aumentando ainda mais nosso desejo.

Começamos a pesquisar as provas. Encontramos duas: Antarctica Marathon & Half-Marathon e Antarctic Ice Marathon & 100K. Na primeira, teríamos que encarar uma viagem de 10 dias de barco até a Península Antártica e correr na Ilha Rei George, portanto, não seria no continente propriamente dito. Na outra, viajaríamos de avião até Union Glacier, onde ficaríamos em um acampamento que serve como base para expedições ao Polo Sul, ao Monte Vinson (maior pico da Antártica) e a baía dos pinguins imperiais. Optamos pela segunda, apesar de mais cara, primeiramente porque a ideia de viajar de barco por tantos dias não nos agradava. Em segundo lugar, achamos que a Antarctic Ice Marathon nos daria uma experiência mais completa da Antártica pois estaríamos no meio do continente com suporte de duas experientes empresas de logística e expedição: a ANI e a ALE. Por fim, a fila de espera era menor, mesmo assim teríamos que aguardar pelo menos um ano, pois em 2013 as vagas já haviam sido preenchidas.

Meu primeiro email para o Richard Donovan, organizador da prova, foi no dia 30/08/2013. Na oportunidade, tentava duas vagas para a prova em 2013. Devido à alta procura e do limite de aproximadamente 50 atletas por cada evento, ficamos em uma lista de espera de 2 anos, aguardando uma possível desistência que por fim não aconteceu. Conseguimos nossa tão sonhada vaga somente em 2015. Me lembro do sentimento de euforia e felicidade quando recebemos a mensagem confirmando nossa inscrição. Entretanto, após alguns minutos essa euforia inicial foi dando lugar ao sentimento de preocupação e medo. Será que vou conseguir? Será que terei dinheiro suficiente? Será que meu inglês será suficiente para entender e me fazer entender? Maria, era só alegria. Ela possui um mecanismo automático que a impede de pensar nos "SEs". Ela simplesmente faz. As vezes, chego a nos comparar com o desenho Pink e Cérebro, enquanto eu penso, ela age. Um a razão, o outro a emoção. Não tenho do que reclamar. Que bom que temos um ao outro.

Enfim, primeira parte cumprida, inscrição feita, boa parte do investimento já garantida, bastava trabalhar para conseguir mais $$$ recursos para chegar em Punta Arenas no Chile na data marcada (16/11/2015) e comprar ou alugar os equipamentos necessários.

Foto: Antarctic Ice Marathon



Leia também:

Maratona da Antártica (Parte 2)

Maratona da Antártica (Parte 3)

Maratona da Antártica (Parte 4)

O Melhor da Antártica

O ranking das nossas maratonas

Estréia (Parte 1)

Estréia (Parte 2)

6 comentários

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Maria Matos
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2 de dezembro de 2015 às 21:37 exclui

Mais um sonho realizado...Muito obrigada pela companhia!!!

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2 de dezembro de 2015 às 21:41 exclui

Muito obrigado por tudo. Vamos treinar amanhã? rs

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Unknown
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3 de dezembro de 2015 às 01:00 exclui

Meus queridos amigos Luiz & Maria, .......meu carinho e amizade por vocês são eternos.... Tamojuntos... (corremos atrás de nossos sonhos) Parabéns pelo feito e vai escrever bem assim lá na .....Antártica. 2 abraços... ops 7 :-)

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3 de dezembro de 2015 às 01:17 exclui

Tadeu, você é o cara! Nós temos uma profunda admiração por você. Talvez você não tenha ideia, mas aquele encontro casual no Atacama mudou a minha vida e da Maria também. Somos eternamente agradecidos a você. Obrigado!
Amanhã posto a próxima parte.

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biabox
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3 de dezembro de 2015 às 09:39 exclui

Que legal...vai dar um livro do casal? adorei a parte que a Maria não processa os "ses" e do pink e cérebro. Vocês são show e nos inpiram! parabéns!

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3 de dezembro de 2015 às 09:42 exclui

Tomara que dê um livro sim. Seria muito legal. Obrigado.

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